Depois de um ano
de frustração de receitas na maioria dos Estados, os governos regionais buscam
alternativas para reforçar o caixa de 2013 e os Investimentos previstos
para o ano. Em parte, as autorizações dadas pelo Tesouro Nacional para a
contratação de novos financiamentos até 2014 - R$ 58 bilhões para 21 Estados -
farão esse papel ao longo do ano e irão viabilizarInvestimentos importantes
para a vitrine das eleições no ano que vem.
Além dos
financiamentos, alguns Estados já encontraram alternativas para compensar a
perda de receita que terão com a arrecadação menor do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias eServiços (ICMS) incidente sobre as contas de luz. O Estado
de São Paulo, por exemplo, vai oferecer este ano um programa de parcelamento de
débitos por prazo de até dez anos com redução de multa e juros. Para quem
quiser saldar débitos à vista, o Desconto é de 75% na multa e de 60%
nos juros. A expectativa é arrecadar R$ 3 bilhões com o programa, sendo cerca
de R$ 1,5 bilhão ainda em 2013.
Minas Gerais
também concedeu a primeira anistia fiscal do ano, permitindo parcelamento de
até 60 meses, com perdão de multa para algumas situações nas quais
contribuintes pagaram ICMS menor do que o devido. Convênios do Conselho
Nacional de Política Fazendária (Confaz) editados em outubro do ano passado
permitem que pelo menos 20 Estados concedam parcelamentos de ICMS com redução
de multa e juros.
O Rio Grande do
Sul usou no ano passado o parcelamento como forma de conseguir recursos extras.
O programa Em Dia renegociou R$ 903 milhões em ICMS atrasado. Do total, R$ 302
milhões foram pagos à vista e o restante foi parcelado em até 60 meses. O
montante renegociado ficou, porém, R$ 100 milhões abaixo do projetado e o
superávit primário do Estado em 2012 ficou aquém da meta de R$ 1,7 bilhão.
Para 2013, o Orçamento gaúcho
foi elaborado com base em previsões muito otimistas para aeconomia,
como o crescimento de 5,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste
ano, crescimento que já não está mais no radar nem do Ministério da Fazenda.
Em São Paulo, a
arrecadação total de tributos que o Estado previa até novembro era de R$ 113,4
bilhões, em valores nominais. Os recolhimentos até o mês ficaram apenas 0,1%
menores que o esperado. Para este ano, o secretário de Fazenda, Andrea Calabi,
prevê que a arrecadação do ICMS sobre a atividade deve seguir o Crescimento
econômico do país, mas a redução no Preço da energia elétrica
deve reduzir a receita do imposto em R$ 1,3 bilhão. Em compensação, a Fazenda
estima que o parcelamento deve trazer receita extra e a alíquota interestadual
de 4% no ICMS dos importados deve render R$ 804 milhões adicionais.
A preocupação da
Fazenda paulista está em outros assuntos federativos, cujas discussões ganharam
mais força. Uma delas é a alíquota única de 4% para todo o ICMS interestadual.
Se a alíquota for estabelecida de forma gradual, como proposto pelo governo
federal, deve ter impacto negativo para a arrecadação paulista durante o
período de transição.
Este ano, segundo
Calabi, os recursos originados de financiamentos devem sustentar boa parte dos
investimentos. O programa de Ajuste Fiscal acordado com o governo
federal em 2012 permite a São Paulo captar R$ 11,9 bilhões em financiamentos
até 2014.
Embora não tenha
cálculos, o governo gaúcho também estima que será afetado pela redução da
tarifa de energia, e já admite que as receitas de 2013 poderão ficar abaixo da
previsão orçamentária. Além disso, as recentes estimativas menos otimistas para
a Economia brasileira neste ano são fatores que podem levar o Estado
a reavaliar números, explica o secretário da Fazenda, Odir Tonollier. Ele
também espera para ver se o clima será favorável na próxima safra de verão, o que
permitiria ao Estado crescer acima da média nacional.
A unificação em 4%
do ICMS interestadual para importados terá efeito positivo, acredita Tonollier.
Além de evitar a transferência de créditos do imposto para outros Estados
nessas operações, a medida tende a beneficiar a indústria local na competição
com mercadorias estrangeiras. O secretário estima impacto favorável total de
até R$ 500 milhões por ano aos cofres gaúchos. Tonollier não sabe se esse
impacto será suficiente para compensar todos os fatores que puxarão a
arrecadação para baixo.
O Orçamento gaúcho
para 2013 prevê receitas (exceto intraorçamentárias) de R$ 37,9 bilhões, com
alta de R$ 13,5% sobre a previsão para 2012. Para o ICMS, a projeção é de Expansão de
10% na mesma base de comparação. Mesmo assim, Tonollier espera superávit
primário menor do que o de 2012.
Com o cenário
nebuloso à frente, o governo gaúcho contará com a liberação de financiamentos
internos e externos para investir este ano. O volume de operações de crédito
orçado para 2013 chega a R$ 1 bilhão, ante R$ 639,2 milhões previstos para
2012.
O governo de
Pernambuco estima ter encerrado 2012 com um crescimento de 30% nosInvestimentos próprios,
que devem se aproximar de R$ 3 bilhões. O aporte ocorreu mesmo diante de uma
frustração de receitas da ordem de R$ 900 milhões, segundo cálculos do
secretário de Fazenda, Paulo Câmara. Operações de crédito da ordem de R$ 1,3
bilhão, sendo R$ 1 bilhão do Banco Mundial, garantiram Expansão nos
investimentos.
"Sobrevivemos
com muita luta", afirmou o secretário, ao mencionar a frustração de R$ 600
milhões em receitas do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e outros R$ 300
milhões na arrecadação do ICMS. De acordo com Câmara, a arrecadação total do
Estado deve ter crescido 8% em 2012, abaixo da estimativa de 10,5% de expansão.
Apesar de um
esforço de contingenciamento, as despesas do governo pernambucano comCusteio e
pessoal avançaram quase 10% em 2012, o que resultou em um Déficit orçamentário
próximo de R$ 500 milhões. O buraco terá que ser coberto com as reservas que o
governo fez em 2011, da ordem de R$ 1 bilhão.
Câmara informou
que o objetivo para 2013 e 2014 é manter o patamar de Investimentos do
ano passado. Para isso, estão previstos mais R$ 3 bilhões em operações de
crédito, sendo R$ 1 bilhão do Banco Mundial, R$ 1,1 bilhão do programa federal
ProInveste e R$ 800 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
além de outras operações menores.
A expectativa em Pernambuco
é que a arrecadação cresça pelo menos 10% em 2013. O Estado também está atento
às discussões sobre a reforma do ICMS incidente sobre operações interestaduais.
O governo de Pernambuco defende uma alíquota de 7% para os Estados do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, e de 4% para Sul e Sudeste, com transição para uma
taxa única em até dez anos e compensações aos Estados mais pobres.
Minas Gerais
estima ter fechado 2012 cumprindo a previsão de arrecadação tributária. Até
novembro, registrou entrada de R$ 33,5 bilhões, aumento de 11,1% em relação a
igual período de 2011. "Nosso problema é com os repasses da União",
disse o secretário da Fazenda, Leonardo Colombini. O governo mineiro esperava
que os repasses referentes principalmente ao Fundo de Participação dos Estados
(FPE), à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e ao IPI
atingissem R$ 4,1 bilhões no acumulado em 11 meses. O valor ficou em R$ 3,5
bilhões - diferença de R$ 666 milhões.
A saída foi adiar
alguns investimentos, em especial aqueles em infraestrutura, que estavam
programados para este ano, disse Colombini. Os contratos assinados e já em
execução estão sendo honrados, segundo ele, acrescentando que com essas
adequações o Estado garante um fechamento de ano com as contas equilibradas.
Minas, no entanto,
teve uma receita adicional, que ajudou a compensar um pouco o volume menor de
repasses da União. Depois de vaivém de disputas de liminares e renegociações de
valores, o Estado estima ter arrecadado, em 2012, R$ 170 milhões das empresas
de mineração, por meio da nova taxa de recursos minerais, que começou a ser
cobrada em abril.
Em relação aos Investimentos -
considerando somente aqueles com recursos do Tesouro estadual - foram R$ 2,6
bilhões. Minas ganhou no ano passado mais margem da União para tomar
empréstimos e investir. Somando com o que já havia sido concedido em 2011, o
Estado viu seu limite para operações de crédito subir para R$ 9,5 bilhões.
A Secretaria da
Fazenda do Paraná informou que a arrecadação do Estado se manteve em patamares
de crescimento acima da média nacional, "fato que propicia ao governa
honrar seus compromissos de custeio", em 2012. No acumulado de janeiro a
novembro, os Investimentospassaram de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,9 bilhão,
entre 2011 e 2012, tudo com recursos próprios. "Em 2012 o Estado ainda não
conseguiu liberar nenhum empréstimo para investimento, estão todos programados
para serem viabilizados a partir de 2013", informou o governo paranaense.
(Marta Watanabe, Sérgio Ruck Bueno, Marcos de Moura e Souza, Murillo Camarotto
e Marli Lima)
Na contramão, Rio
fechou 2012 com receitas acima do previsto
Ainda que a crise
internacional tenha impactado a arrecadação do Estado do Rio no primeiro
semestre de 2012, o governo fluminense estimava fechar o ano com uma receita
superior à expectativa. O governo planejou terminar o ano com R$ 34,2 bilhões
em receita tributária, mas o resultado final deve ter superado esse valor em R$
400 milhões, totalizando R$ 34,6 bilhões. De acordo com informações do governo,
o Estado investiu R$ 3,8 bilhões em 2012, valor que deve crescer nos próximos
anos. O Estado foi autorizado, pelo Tesouro Nacional, a ampliar seu
endividamento de R$ 7 bilhões até 2014.
"Tivemos uma
redução na arrecadação de ICMS e uma redução da taxa de crescimento no primeiro
semestre", disse o secretário de Fazenda do Estado, Renato Villela, para
quem a queda na receita no primeiro semestre deveu-se à crise internacional. "Depois
tomamos medidas para dinamizar a arrecadação, apertando a fiscalização, e a
nossa receita reagiu bem em outubro e novembro." Apenas em novembro, a
arrecadação de ICMS do Estado subiu 11,6% em relação a igual período de 2011.
Até outubro, o Rio
arrecadou R$ 22,13 bilhões em ICMS. Em 2011, entre janeiro e outubro, o valor
arrecadado foi de R$ 20,43 bilhões. De acordo com as contas do Estado, a
variação real, levando em conta a Inflação pelo IPCA, foi de 2,78%. A
arrecadação de ICMS representou 81,2% da receita tributária do Rio em 2012, que
somou até outubro R$ 27,24 bilhões.
O aumento na
arrecadação do ICMS motivou a Assembleia Legislativa do Rio a rever para cima a
previsão orçamentária estadual para 2013 em quase R$ 1 bilhão. No fim de
novembro, a casa mandou ao Executivo uma estimativa de receita e despesas em
2013 de R$ 72,7 bilhões, cifra superior em R$ 902 milhões aos cálculos do
governo. A partir da evolução de arrecadação do ICMS nos últimos anos, a
Assembleia considerou conservadora a estimativa do Estado de arrecadar R$ 28
bilhões com o tributo em 2013.
Enquanto a
arrecadação superou as estimativas, as despesas ficaram dentro do previsto em
2012. No Orçamento de 2012 as despesas previstas totalizavam R$ 69,15
bilhões. No acumulado até agosto, o Estado do Rio somou despesas de R$ 38,86
bilhões, aumento de 11,6% sobre igual período do ano anterior. De acordo com o
secretário, os Investimentos também aumentaram em 2012 "com a
maturação de algumas operações". Até 19 de dezembro o Rio investiu R$ 3,82
bilhões.
Fonte: Classe Contábil
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