Para não ceder à
paralisia imposta pelos entraves políticos, o governo federal vem atacando a
reforma tributária por partes, adotando medidas específicas para corrigir
algumas das inúmeras distorções do nosso sistema de tributação e assim
impulsionar a atividade produtiva. Visando melhorar a competitividade da
indústria nacional e ajudar o país a enfrentar os reflexos da crise econômica
internacional, o governo já avançou em algumas frentes, como a desoneração da
folha de pagamento de
vários setores, o corte dos impostos sobre a energia elétrica e a mudança das
regras no recolhimento do ICMS nos portos. Mas é possível ir adiante. Estão
previstas medidas essenciais como a uniformização do Imposto sobre Mercadorias
e Serviços (ICMS) e do PIS/Cofins. O governo pretende mudar o regime
cumulativo do PIS/Cofins, mas poderá mantê-lo como funciona atualmente como Opção para
as microempresas e aquelas que sejam muito prejudicadas com a mudança, além de
praticar alíquotas diferenciadas, mas não maiores do que 9,25%. Sem dúvida, um
dos pontos mais urgentes da reforma são as mudanças no ICMS, imposto que mais
encarece a energia, a telefonia, os transportes e outros segmentos da
infraestrutura. Contudo, sua reforma é das mais difíceis, já que enfrenta forte
resistência dos estados, que têm no recolhimento do imposto grande fonte de
receita.
O governo prepara
uma proposta de
transição gradual para uma alíquota interestadual de 4%, “hoje varia, podendo
ser 7% ou 12%, de acordo com o tipo de transação”, e a criação de um fundo de
compensação para os estados que tenham perda de arrecadação. Também pretende
negociar a proposta junto com o Fundo de Participação dos Estados.
É importante
também acabar com a chamada “guerra fiscal”, praticada pelos estados por meio
da concessão irregular de benefícios fiscais
às empresas a fim de atrair investimentos, um mecanismo que já se tornou
ineficiente por gerar insegurança jurídica.
A simplificação e
racionalização dos tributos são cruciais para que tenhamos um sistema mais
equânime, que desonere os insumos básicos da Economia e
consequentemente a população mais pobre. É preciso reduzir impostos indiretos
cobrados sobre as mercadorias, ampliando o peso dos impostos diretos sobre
renda e patrimônio, para que o governo possa custear de forma justa a educação,
a saúde, o saneamento básico, a habitação popular e o transporte de massas.
Avançar nessa
reforma, convocando os governadores para promover uma repactuação de tributos e
dívidas, é condição para impulsionar a atividade produtiva e ajudar o país a
crescer. O pacto federativo deverá ser pautado ainda por outras questões
polêmicas, como a revisão da dívida dos estados e a divisão dos royalties do
petróleo, matérias que não podem mais esperar. É preciso pensar nos ganhos para
a sociedade, nos recursos que os estados podem vir a ter e que devem ser
condicionados a Investimentos em infraestrutura, inovação e na
melhoria dos Serviços públicos ofertados à população. Esses são alguns
caminhos para avançarmos na reforma tributária.
Fonte: Brasil Econômico
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