A décima redução
consecutiva da Taxa Básica de juros (Selic), anunciada quarta-feira
(10) pelo Banco Central, somada à aceleração da Inflação por causa da
alta dos preços dos alimentos, faz com que os juros reais do Brasil caiam
abaixo dos 2% ao ano.
Mesmo atingindo o
menor nível em três décadas, o juro real ainda é o quarto pior do mundo.
Segundo cálculo do
professor do departamento de Economia da PUC-SP e diretor da
Metha Consultoria, Claudemir Galvani, os juros reais vão cair de 2,2% (com a Selic a
7,5% ao ano) para1,95%.
Os juros reais da Economia são
calculados pela Selic, Taxa Básica de juros da Economia brasileira,menos o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da Inflação do país.
Em setembro, o IPCA teve
alta de 0,57%, uma aceleração de 0,16 ponto percentual frente ao 0,41%
registrado em agosto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
Nos últimos 12
meses, o índice acumula alta de 5,28%.
Usando como base o IPCA projetado
pelo mercado para os próximos 12 meses (5,5%, segundo o boletim Focus), o juro
real cai para 1,7%.
É a quarta maior Taxa
de Juros real do mundo, atrás apenas de China (3,9%), Chile (2,3%) e
Austrália (2%), e ligeiramente acima da registrada na Colômbia (1,6%), quinta
colocada.
SELIC
O novo patamar da
Selic, de 7,25%, é o menor de toda a série histórica iniciada em 1986.
A trajetória de
queda teve início em agosto do ano passado, há mais de um ano, quando a Economia brasileira
começou a mostrar sinais de desaquecimento com a piora da crise econômica
mundial.
Desde então, a Selic foi
reduzida de 12,5% para 7,25% pelos oito membros do COPOM (Comitê de Política
monetária do Banco Central), que se reúnem a cada 45 dias para definir se
altera ou mantém o valor da Taxa Básica de juros.
VOTO DOS
CONSELHEIROS
A decisão de hoje
não foi unânime. Cinco conselheiros do COPOM votaram pelo corte de
0,25 ponto percentual e três, pela manutenção da Selic em 7,5% ao
ano.
Votaram pela
redução para 7,25% Alexandre Antonio Tombini (presidente do BC), Aldo Luiz
Mendes, Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim. Os
conselheiros Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e
Sidnei Corrêa Marques votaram pela manutenção da Selic em 7,5% ao
ano.
Segundo nota
divulgada pelo Banco Central após a decisão, o comitê votou pela
décima queda considerando o Risco da inflação, a recuperação da
atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional.
Para o Copom,
"a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo
suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a
convergência daInflação para a meta, ainda que de forma não linear".
PREOCUPAÇÃO COM A
INFLAÇÃO
A falta de
consenso nas previsões reflete o dilema que o BC enfrenta. Com a Inflação dando
sinais de alta, o desafio é não estourar a meta do governo, de 4,5% (com teto
de 6,5%), em um cenário de alta dos preços dos alimentos, mas com a atividade
baixa e a Economia brasileira precisando de estímulos ao consumo.
A Taxa de
Juros é um dos principais instrumentos de controle dos preços no país.
Baixando os juros, em tese estimula-se o consumo.
Para Claudemir
Galvani, ainda há espaço para que a Selic caia ainda mais. "Mas,
tendo em vista que a Inflação subiu em setembro, o BC evita dar a
cara para bater e faz uma redução mais tímida, de 0,25%".
Fonte: Folha de São Paulo
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