O relator do
projeto que altera o regime de tributação com base no lucro presumido (PL
2011/11), deputado Júlio Cesar (PSD-PI), disse que vai manter o seu parecer
favorável à proposta. A Receita Federal, no entanto, emitiu nota contra a
medida, por causa da renúncia fiscal que poderá gerar.
O regime de lucro
presumido simplifica a base de cálculo do Imposto de renda e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas. O
PL 2011/11, que já foi aprovado no Senado, prevê um novo limite de receita
bruta anual para o enquadramento das empresas nesse regime. O limite passaria
dos atuais R$ 48 milhões para R$ 79,2 milhões.
Segundo a Receita
Federal, a mudança poderá gerar perda de R$ 1,6 bilhão nos cofres públicos já
no próximo ano.
Já o relator do
projeto não se convenceu dessa estimativa e aposta que o reajuste pode até
aumentar a arrecadação tributária. Júlio Cesar disse que não descarta um novo
diálogo com a Receita, mas espera que o órgão mude o discurso da renúncia
fiscal.
"Eu já tive
várias reuniões e admito conversar.
Mas eles têm que trazer convencimento, não é só chegar e dizer que a renúncia
vai dar um rombo muito grande no governo, porque eu não acredito”, disse o
deputado. “Essa mesma conversa a Receita teve quando aprovamos o Simples
Nacional: dizia que ia ter um rombo muito grande e o que houve foi aumentar a
receita. É o que eu acredito que vai acontecer em relação ao lucro
presumido."
Júlio Cesar
afirmou que o projeto apenas corrige pela Inflação o limite de
enquadramento na tributação com base no lucro presumido. A última atualização
nesses valores ocorreu em 2002. "Não estamos aumentando nominalmente nada,
estamos corrigindo pela Inflação e acho uma proposta razoável.”
Para o deputado, a
tributação por lucro presumido “facilita a vida das empresas, evita a sonegação
e dá uma dinamização na atividade empresarial em todo o Brasil”.
Impacto regional
Segundo a Receita
Federal, a renúncia fiscal também teria impacto negativo nos fundos de
participação dos estados e dos municípios (FPE e FPM), que financiam programas
sociais sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.
A Receita informou
que o projeto beneficiará apenas 459 das mais de 1,1 milhão empresas optantes
do regime de lucro presumido. Ou seja, só 0,04% das empresas seriam
contempladas, a maioria delas localizada nas regiões Sudeste e Sul.
Com base nos
argumentos da Receita Federal, o deputado João Dado (PDT-SP) apresentou Votoem
separado em que pede a rejeição do PL 2011/11. O parlamentar considera, ainda,
que a proposta não está de acordo com as metas de resultado fiscal da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O projeto aguarda
votação na Comissão de Finanças e Tributação. A comissão votará um substitutivo
apresentado pelo deputado Júlio Cesar. No substitutivo, o relator atualizou o
limite de enquadramento originalmente previsto no Senado (de R$ 78 milhões para
R$ 79,2 milhões) de acordo com a inflação.
Fonte: Agência Câmara
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