Em se tratando de matéria tributária, o grande ponto discutido pelo
empresariado é a necessidade de simplificar a cobrança de impostos,
principalmente o ICMS, segundo expuseram economistas e especialistas durante o
seminário "O modelo fiscal brasileiro e seus impactos sobre as iniciativas
empreendedoras", realizado na última sexta-feira com o apoio do grupo
Ejesa, por meio do Brasil Econômico e do jornal O Dia.
De acordo com Everardo Maciel, ex-secretário da Fazenda
Federal, o ICMS tem entre 40 e 50 alíquotas diferentes, estabelecidas pelos
estados. Além disso, há uma série de "guias conflitantes" que devem
ser preenchidas manualmente.
Diante desse emaranhado, o vice-presidente da Associação
Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus Ordine, classifica o atual
sistema como perverso e inibidor da competitividade da indústria nacional, com
impacto negativo principalmente sobre as pequenas e médias empresas. "Os
investidores se sentem acuados diante de um sistema tão complexo. O ICMS virou
o samba do crioulo doido", disparou, destacando que o problema leva muitas
empresas a limitar as atividade. Afinal, expandir o negócio pode significar
exclusão do Simples - sistema tributário diferenciado para pequenas empresas.
"É ter de sair do do lucro presumido, com alíquota de até 4% sobre o
faturamento, para o real, em que será onerado em 18%", diz, apontando que
a escalada de índices leva também a situações de insolvência fiscal. Esse
resultado, de acordo com Ordine, faz com que as empresas sejam vistas como sonegadoras
perante a Receita Federal. Acontece que o cumprimento das obrigações é
extremamente dificil, já que o empresário não partilha das complexidades do
universo tributário, segundo o especialista.
Soluções
Para amenizar o problema, Roberto Mateus Ordine sugere
que sejam eliminadas as redundâncias de formulários e obrigações acessórias. A
nota fiscal eletrônica, segundo ele, já é um sinal de avanço nesse sentido,
ainda que tímido. O canal eletrônico permite enviar informações para a
Secretaria da Receita Federal, que tem conexão com as secretarias de estado da
Fazenda. "A informatização de todo o sistema tributário vai permitir que o
Estado tenha um controle de dentro para fora. Algo que ainda não existe, já que
é difícil ter informações conexas com calhamaços de papel. É preciso trabalhar
sem papel, por meio da tecnologia", aponta. Ainda segundo ele, as empresas
estão muito envolvidas com burocracias de informação fiscal e perdendo o foco
em sua atividade, que é produzir. "Essa responsabilidade deve ficar mais com
o fisco. O empresário deve parar de perder tempo com os papeis", reclama.
Com a palavra, o advogado tributarista Pedro Guilherme
Lunardelli foi enfático ao afirmar que ainda não há ninguém capaz de consolidar
as exceções do PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social) criadas todos os dias pela Receita. "A
presidente Dilma Rousseff pode exigir isso do órgão", diz. Para o
presidente do conselho econômico da Federação do Comércio do Estado de São
Paulo (Fecomercio-SP), Paulo Rabello de Castro, a solução é criar a URV
(Unidade Real de Valor) fiscal, que unificaria os tributos.
Fonte:
Brasil Econômico
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