Entra em
vigor nesta quarta-feira (16/5) a Lei 12.527/2011, a Lei de Acesso à
Informação. A norma chega para regular os artigos 5º, 37 e 216 da Constituição
Federal e garante à sociedade o acesso quase irrestrito a informações
relacionadas aos órgãos de todas as instâncias da administração pública. No
entanto, tributaristas fazem o alerta: a falta de regulamentação pode levar ao
Fisco pedidos de informações de empresas sobre suas concorrentes.
A nova
lei é considerada, unanimemente, um avanço social e cultural, ao dar concretude
ao direito considerado universal pela Constituição de acesso a informações
públicas. Mas questões ligadas aos sigilos bancário e fiscal geram debates. De
acordo com a tributarista Mary Elbe Queiroz , o texto da lei não estabelece limites
precisos ao acesso às informações e não trata especificamente dos casos
tributários. Por isso, ao dizer apenas que a sociedade tem direito a ter
informações de interesse privado ou geral, provoca a dúvida inevitável sobre a
possibilidade de um contribuinte requerer informações fiscais de outro.
O texto
da lei traz exceções ao fornecimento de informações, como de dados que envolvam
a intimidade e a privacidade das pessoas, e informações públicas consideradas
secretas ou ultrassecretas. Também se encaixam nesse grupo as informações
tratadas como “imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado” — ou
seja, aquelas cujo acesso irrestrito pode prejudicar a segurança nacional,
colocar em risco a saúde e a segurança da população e “oferecer elevado risco à
estabilidade financeira, econômica ou monetária do país”.
Mary
Elbe reconhece que certas informações não podem ser fornecidas pelos órgãos
públicos por se encaixarem entre as exceções, mas outras se encontram em uma
“zona cinzenta”. É o caso de dados levantados em auditorias fiscais, por
exemplo. A advogada, que já foi auditora da Receita, explica que um
contribuinte, pessoa física ou jurídica, pode acionar o Fisco para saber se uma
concorrente é alvo de investigação administrativa ou, o que é ainda mais grave,
de posse dessas informações, pedir para ver aquilo que a Receita já apurou ou
teve acesso.
“Esse
caso não está incluído na lei, mas o Fisco pode entender que sim. O Fisco vai
poder alegar que é obrigado a manter o sigilo fiscal, pois se trata do patrimônio
de um particular, mas a rigor, pelo que diz a lei, ele pode dar essas
informações a terceiros”, resume.
Estrangeiros em alerta
No entanto, tributaristas concordam que a complexidade do sistema tributário brasileiro pode levar a complicações. Em evento organizado pelo Núcleo de Estudos Fiscais da Escola de Direito de São Paulo, a Direito GV, nesta terça-feira (15/5), palestrantes falaram da insegurança. A dificuldade, dizem, é separar, dentro de informações de uma empresa privada, o que é público e o que é sigiloso. E quando o assunto são investimentos estrangeiros, a preocupação aumenta. “A empresa vai querer que o Estado dê garantias de que as informações dadas ao governo não serão compartilhadas com a sociedade”, reconheceu Sidney Sanchez, diretor adjunto de administração tributária da Secretaria da Fazenda de São Paulo.
No entanto, tributaristas concordam que a complexidade do sistema tributário brasileiro pode levar a complicações. Em evento organizado pelo Núcleo de Estudos Fiscais da Escola de Direito de São Paulo, a Direito GV, nesta terça-feira (15/5), palestrantes falaram da insegurança. A dificuldade, dizem, é separar, dentro de informações de uma empresa privada, o que é público e o que é sigiloso. E quando o assunto são investimentos estrangeiros, a preocupação aumenta. “A empresa vai querer que o Estado dê garantias de que as informações dadas ao governo não serão compartilhadas com a sociedade”, reconheceu Sidney Sanchez, diretor adjunto de administração tributária da Secretaria da Fazenda de São Paulo.
"Se
houver uma regra clara para todas as empresas, as multinacionais terão o maior
prazer em abrir", afirmou Francisco Bernardes Costa Filho, gerente
tributário no Brasil da gigante multinacional Procter & Gamble. "O
problema é que temos no Brasil uma máquina de autos de infração."
Já para
o diretor jurídico da Braskem, Maurício Bezerra, a maior transparência pode
equilibrar a concorrência. "A grande vantagem da transparência na área
tributária é o senso de responsabilidade social com a obrigação de pagar os
tributos. No Brasil, empresários dizem que sonegam e isso é socialmente
aceito", afirmou.
Fonte: http://www.sitecontabil.com.br/noticias/28.html
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