O governo
tentará aprovar até abril a resolução do Senado que unifica as alíquotas do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 4%, de
forma gradual, num período de 12 anos. O prazo máximo admitido por governistas
é de aprovação até o fim do primeiro semestre.
Enviada
pela presidente Dilma Rousseff à Casa, a proposta de resolução tem como
objetivo acabar com a guerra fiscal entre os Estados. Começou a tramitar
formalmente na segunda-feira, dia 4, mas espera a instalação da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE).
O projeto
de resolução (Nº 1 de 2013) prevê exceções para os Estados do Amazonas, por
causa da Zona Franca de Manaus, e Mato Grosso do Sul, pela importação
do gás natural da Bolívia.
A
tramitação implica uma engenharia política delicada, já que a resolução é
votada apenas no Senado, mas seu teor está detalhado no texto da Medida
Provisória 599, editada pela presidente em 28 de dezembro, que cria fundos para
compensar Estados pelas perdas de arrecadação com o fim da guerra fiscal.
Ou seja,
as duas propostas precisam tramitar em conjunto, e qualquer modificação no
cronograma de redução e nas alíquotas feita pelos parlamentares no texto de uma
terá de ser estendida à outra.
A
dificuldade deve-se ao fato de que, enquanto a resolução passa apenas pelo
Senado, a MP precisa ser votada nas duas Casas do Congresso, Senado e Câmara
dos Deputados, onde é analisada primeiro. Antes de ir ao plenário, a MP passa
por uma comissão mista (deputados e senadores), encarregada de dar parecer.
O prazo
de validade da MP é 4 de abril (60 dias), mas pode ser prorrogado por mais. O
prazo para apresentação de emendas à proposta termina no dia 9 deste mês. Até a
tarde de ontem, havia 64 emendas protocoladas, pelo menos 15 delas tratando de
alíquota ou prazos de unificação.
A MP
prevê a compensação federal de perdas futuras dos Estados com a unificação da
alíquota do ICMS e cria o Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), vinculado ao
Ministério da Fazenda, com a finalidade de financiar a execução de projetos de Investimento e
dinamização da Atividade Econômica local.
"A
tramitação do projeto de resolução e da MP tem que ser feita conjuntamente. A
MP só vale se votar a resolução. Pode até haver alguma modificação, mas tem que
ser nos dois textos. Uma coisa está atrelada à outra", diz o senador
Delcídio Amaral (PT-MS), que passará a presidência da CAE ao também petista
Lindbergh Farias (RJ).
O novo
líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), diz que pode haver alguma
modificação na resolução, mas a "essência" deve ser mantida. Ele
lembra que o governo federal propunha prazo de oito anos para a unificação das
alíquotas e que a ampliação do cronograma fixado na resolução (12 anos) foi
fruto de muitas negociações entre Estados e Ministério da Fazenda. "Não se
chegou a um acordo em torno de 100%, mas os principais pontos foram incluídos,
como a alíquota de 4%, o prazo de 12 anos e os fundos de compensação",
afirma.
É
prerrogativa do Senado fixar as alíquotas interestaduais e de exportação do
ICMS, por meio de resolução da Casa. A iniciativa de apresentação pode ser da
Presidência da República ou de um terço de senadores. A aprovação exige maioria
absoluta (metade mais um de todos os senadores).
A MP
condiciona a compensação à aprovação de resolução do Senado. Pela proposta, nas
operações e prestações realizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e
Estado do Espírito Santo, destinadas às regiões Sul e Sudeste (hoje 12%), a
alíquota deverá ser de 11% em 2014, 10% em 2015, 9% em 2016 e assim
sucessivamente até chegar a 4% em 2025.
Esse
prazo de 12 anos é considerado longo para os Estados mais ricos, que se sentem
mais prejudicados com a prática da guerra fiscal.
A
resolução estabelece que, nas operações realizadas nas regiões Sul e Sudeste
destinadas às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao Espírito Santo, a
alíquota (hoje 7%) passa a ser de 6% em 2014 e cai um ponto percentual até
2016, quando atinge os 4%. Nas demais operações, a alíquota deverá ser de 9% em
2014, 6% em 2015 e 4% em 2016.
Essa
regra não se aplica às operações originadas na Zona Franca da Manaus
e nas interestaduais com gás natural, que serão tributadas com base na alíquota
de 12%. Também não atinge as operações interestaduais com Bens e
mercadorias importados.
Na
Câmara, Estados do Sul e Sudeste, que se sentem mais prejudicados pela concessão
de benefícios fiscais para atrair empresas, tentarão reduzir o prazo de
unificação do ICMS. Já no Senado, onde os Estados do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste têm maioria, a Tendência é prevalecer o prazo proposto
pelo governo.
"A
questão do prazo pode, eventualmente, ser mudada, mas o governo ouviu muito os
Estados do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, que são maioria e os que
sofrem mais com a aplicação das alíquotas interestaduais", afirma o
senador do Mato Grosso do Sul.
Como
presidente da CAE, Delcídio participou das conversas com o governo sobre a
proposta. Seu nome é citado por governistas como uma das opções para ser a
relatoria da resolução, assim como o do ex-líder da bancada, Walter Pinheiro
(BA).
O governo
tem pressa na aprovação porque a discussão de qualquer proposta que implique
disputa entre os Estados no segundo semestre traz Risco de
contaminação pelo calendário eleitoral, que começa em outubro, um ano antes das
eleições de 2014. Além disso, o governo quer que a nova regra entre em vigor a
partir de janeiro de 2014.
Fonte: Classe Contábil
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