O
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que está
no foco da administração da presidente Dilma Rousseff a adoção de medidas que
vão na direção de reduções tributárias. "O governo deve concluir até o
final do ano uma proposta de unificação do ICMS", destacou. Ele também
ressaltou que a reforma do PIS-Cofins também está em estudo pelo Poder
Executivo.
Barbosa ressaltou
que a unificação do ICMS não é uma questão fácil, pois pressupõe o consenso e
acordo entre todos os estados da federação. "Mas acredito que essa questão
deverá avançar", destacou.
Em fórum promovido
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, nesta segunda-feira, 17,
Barbosa afirmou também que o governo está atento aos eventuais efeitos que a
terceira edição da política de afrouxamento quantitativo (QE 3, na sigla em
inglês), que o Federal Reserve adotou nos Estados Unidos.
"Vamos
observar como isso pode nos atingir. São US$ 40 bilhões por mês que tendem a
ficar boa parte restrita à Economia americana", disse.
"Mas, se uma parte desses recursos vem para cá, isso pode trazer uma
pressão de apreciação sobre o Câmbio indesejável", disse.
"Tomaremos todas as medidas necessárias para não deixar o Câmbio apreciar
ainda mais", destacou.
Barbosa ressaltou
que o governo monitora o mercado de Câmbio em várias frentes, entre
elas, a evolução das operações de Derivativos e o próprio fluxo de
capitais que ingressam no País que procuram Investimentos em Ativos de renda fixa,
especialmente os relacionados a títulos públicos.
"Vamos ver
como essa questão no futuro próximo. O que posso dizer é que medidas na área de
Câmbio são adotadas e depois explicadas, não são previamente
anunciadas", destacou.
Barbosa não
especificou se a primeira frente de ataque do governo para evitar o Câmbio
apreciado seria a compra de dólares no Mercado Futuro ou a adoção de
medidas fiscais, como as relacionadas ao Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF).
Para Barbosa, a
atual taxa nominal de Câmbio no Brasil, de R$ 2,00 a R$ 2,05,
"ainda é muito apreciada", apesar da recente movimento de queda da
cotação do real ante o dólar."Temos
um desafio que é consolidar novo patamar de juro real e evitar apreciação
excessiva cambial", ponderou.
"A taxa de
juro real de 1,70% é baixa para o Brasil em níveis históricos, mas é muito alta
em relação ao que existe hoje no mundo", destacou. Entre todos os países
do G-7 a Taxa de Juros descontada a Inflação é
negativa.
De acordo com
Barbosa, a decisão do governo de mudar a taxa de Remuneração da Caderneta
de poupança eliminou um "certo limite" que havia para a redução
dos juros nominais no Brasil. "Sem isso, agora são as condições econômicas
que determinarão para onde vão as taxas de juros", comentou, ressaltando
que a taxa de juro real no Brasil tem condições de baixar um pouco mais num
horizonte de tempo que ele não especificou.
Barbosa ressaltou
que o Regime Cambial no Brasil é flutuante e ressaltou que não sabe
para onde ele vai. "Contudo, certamente não podemos deixá-lo apreciar
ainda mais. O Câmbio ", destacou. "O Câmbio quando
varia muito para baixo ou para cima é negativo para a economia", apontou.
"A taxa nominal de Câmbio hoje é parecida ao que havia em meados
de 2008", destacou.
O secretário
executivo não avaliou se a atual cotação entre R$ 2,00 e R$ 2,10 é objetivo do
governo e se ela é confortável para lidar com a ajuda à indústria, sem provocar
alta do IPCA. "OCâmbio no atual patamar não traz preocupações em
relação à inflação", disse.
Juros
Barbosa disse que
"não será preciso subir juros em 2013." Para ele, as condições
econômicas do País no decorrer neste ano e no próximo permitirão que a Economia cresça
2% em 2012, avance para um número entre 4% e 5% no ano que vem, sem pressões
inflacionárias.
"Nós criamos
as condições necessárias de Expansão do nível de atividade, com
distribuição de renda e ampliação dos investimentos", destacou. "Além
disso, o Brasil está crescendo há alguns trimestres abaixo do seu potencial, o
que não vai agregar pressões de alta sobre os preços", destacou.
Barbosa afirmou
que o IPCA deve convergir à meta de 4,5% até o final de 2013, devido
a alguns elementos. Ele destacou a redução das tarifas de energia, que vão
retirar do IPCA de 0,5 a 0,6 ponto porcentual no próximo ano.
"Como a Economia vai crescer mais no ano que vem, isso vai
ampliar a produtividade das empresas, o que vai reduzir custos", comentou,
acrescentando que isso deve ajudar a conter os preços de produtos e serviços.
Fonte: Estadão
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