A complexidade e a
desorganização da política tributária brasileira tem causado problemas com o
fisco nacional para os empresários do país, segundo o advogado tributarista Júlio
Maria de Oliveira. O advogado cita como exemplo o não reconhecimento de
créditos tributários por estados contrários a incentivos fiscais dados por
outros entes da federação. Segundo ele, isso tem onerado o Capital das
empresas. O especialista é um dos palestrantes a participar do seminario “O
modelo fiscal brasileiro e os impactos sobre as iniciativas empreendedoras” a
ser realizado no próximo dia 24, com o apoio do grupo Ejesa, por meio do BRASIL
ECONÓMICO e do jornal O Dia.
"Existe uma
legislação nacional do ICMS que aborda como serão dados esses incentivos
fiscais, mas que ainda é descumprida em todos os 27 estados da união",
diz, lembrando que isso faz com que seja fomentada a chamada guerra fiscal.
Segundo Oliveira, é preciso ser realizado um Convênio com o Conselho
Nacional de Política Fazendária (Confaz) – órgão responsável por deliberar e
permitir que os estados tenham benefícios. "O Supremo Tribunal Federal diz
que os benefícios têm que ser apreciados no Confaz. Contudo, ainda não foi
decido se um estado pode ou não aceitar o beneficio e se têm o poder de autuar
empresas que tomaram os créditos", explica.
Enquanto essa
questão não se resolve, Oliveira aponta que Legislação sobre incentivos fiscais
e descumprida em todos os 27 estados da federação brasileira os estados, por
quererem atrair negócios para sua região, acabam por conceder isenção
unilateralmente. “Então vem o Supremo Tribunal Federal e julga a Ação inconstitucional.
E, por fim, quem arca com os prejuízos são as empresas, os contribuintes”, diz.
Outro ponto criticado e que também será abordado pelo advogado durante o evento
é a alta carga tributária. Segundo ele, seu avanço vem se dando de forma
consistente, com o PIS e Confins incidindo principalmente sobre o consumo. “Com
essa vertente, todas as pessoas independentemente de sua classe social acabam
por pagar a mais pelo produto, sendo que a regra correta deveria recair mais
sobre o lucro da empresa", aponta.
Ele observa que
essas taxas, juntas, que eram de 3,75%, passaram para algo em torno de 12%. “E
uma Ação antieconômica, pois torna os produtos menos competitivos no
mercado nacional frente aos importados", diz.
Risco
Para a sócia da área
de tributos internacionais, Marienne Coutinho, essas duas Vertentes faz com que
muitos Investimentos estrangeiros sejam postergados e até mesmo
cancelados. “Esse ponto é avaliado como Risco pelos investidores. Por
conta disso, muitas empresas não se permitem a tal insegurança", explica a
sócia, que e' também uma das palestrantes do evento. Mas não apenas isso, um
cenário como este acaba minando, principalmente, os próprios negócios
nacionais, avalia Marienne. “Há empresas que conseguem o incentivo fiscal em
algum estado, mas lá na frente isso pode ser revertido em custo, caso seja
considerado inconstitucional pelo STF", aponta.
Um exemplo dado
por ela seria a abertura de discussões sobre o sistema tributario brasileiro
com os de outros países. “Os empreendedores devem levar ao fisco, ao governo
federal, suas observações, dificuldades encontradas para trabalhar",
argumenta. Essa e a única maneira, segundo Marienne, que os órgãos do governo
têm para melhorar a legislação tributária.
TRÊS PERGUNTAS A MARIENNE
COUTINHO
“O Brasil está
longe de adotar um imposto único”
A complexidade do
sistema tributário brasileiro ainda inibe o interesse do investidor estrangeiro
e tira a competitividade das empresas nacionais. A solução seria a unificação
de alguns impostos, avalia Marienne Coutinho.
Muito se fala
sobre a reforma do sistema tributário brasileiro. Em contrapartida, pouco se
avança nesse quesito. Qual a sua avaliação sobre este tema?
Esse é assunto de
grande complexidade entre os empresários, sejam eles brasileiros ou não. Mas,
infelizmente, a observação que faço é de que o Brasil está longe de adotar um
imposto único.
Mas qual o motivo
de uma visão tão pessimista?
Não é ser
pessimista. O sistema tributário é de competência de várias esferas: federais,
municipais e estaduais. Isso significa que cada unidade da federação atua
dentro de sua própria legislação e de acordo com suas interpretações sobre a
matéria de tributos. Por conta disso, é muito difícil operacionalizar todos em
uma única alíquota. Para isso seria necessário passar por questões politicas de
cada estado. Precisaríamos de no mínimo uns 30 anos. É uma utopia.
Qual a solução
paliativa então para esse problema?
Pode-se adotar
algumas reformas especificas, como reduzir o número de impostos. Por exemplo,
poderiam ser unificados o Imposto de renda e a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL). Nessa mesma regra poderiam entrar o PIS
e Cofins, além do aprimoramento do dialogo entre o fisco e os contribuintes.
C.R.C.
Fonte: Brasil Econômico
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